mood: in_an_arena

31.10.08

melting pot?

Hoje passei por algumas ruas da grande cidade de Lisboa (que como devem saber, vai ser o meu cenário por algum tempo). Ruas que nunca tinha visto, lojas novas que desconhecia até hoje. Reparei num pormenor.

Há mais lojas que vendem estatuetas de Buda do que imaginava. Mais ainda, há mais lojas asiáticas que vendem estatuetas de Buda e de Nossa Senhora Fátima ao mesmo tempo do que imaginava!

Será que a mistura de culturas está a correr tão bem como parece? Isto não será uma tentativa apenas? Um sonho que procuram concretizar? Toda a gente que imigra para Nova Iorque tem O sonho. E aqui? Têm? Fazem parecer que têm? Escolheram? Não tinham escolha?

Esta cidade tem muitas histórias por contar e para contar, como todas as grandes cidades.

24.10.08

we'll keep a piece of your soul

From If I Could, Jack Johnson:

"Down the middle drops one more grain of sand
They say that new life makes losin' life easier to understand
Words are kind, they help ease the mind
I miss my old friend
And though you gotta go, we'll keep a piece of your soul
One goes out, one comes in"

Rest in piece. I'll remember everything about you, forever.

O Sol bate na minha cara, acordo.
Afinal aconteceu mesmo...
Mas a vida tem que seguir em frente.

21.10.08

fragmentos de pensamento sobre a chuva

Apetece-me fazer 3 coisas...
- Sair das aulas, alguém me vem buscar de carro ou simplesmente conduzo para casa;
- Sento-me e relaxo a ver séries;
- Beber qualquer coisa quente;
porque está a chover lá fora.
A primeira dificilmente se vai concretizar. A segunda já fiz e a terceira pretendo fazer ainda. Não está mal, num dia assim ainda vou conseguir fazer 2/3 do desejado.

É tão bom quando corremos debaixo da chuva. Faz me pensar em quão bom são os dias de sol. (Este pensamento ocorre enquanto não ficar constipado...)

Há dias de chuva, há dias de sol. Cada um tem o seu lugar. Dá jeito andar com um guarda-chuva num dia de chuva para nos proteger. Proteger...

E quantas pessoas cabem debaixo do nosso guarda-chuva? Depende de nós.

17.10.08

perto das cozinhas

Dizia-se muito que "quem está perto da cozinha, come mais". É tão verdade. Nesta cidade, estou mais perto de muitas cozinhas. Para compensar o esforço nos estudos de todos os dias, aproveitar uma boa refeição é uma das melhores coisas a fazer (claro, de preferência com companhia... experimentalmente ficou "provado" que quando comemos acompanhados a comida sabe "psicologicamente" melhor). É tão satisfatório: boa comida, boa companhia, boa conversa, bom ambiente (ninguém está a conseguir garantir bom preço...)

Já há muito que não me sentei num café para tomar um cappuccino... Ou simplesmente preparar uma boa (mas simples) refeição e deliciar numa varandinha ou à janela. Há tanto... Há tanto...

16.10.08

regular a vida

Já me fizeram uma mesma pergunta duas vezes nesta semana que passou:

"O senhor vai todos os fins de semana para o Porto?! Deve gostar mesmo do Porto..."

A verdade é que passo por lá (quando posso) para estar com os amigos. Uma semana não é assim tanto. Poder estudar com eles no palácio, no Bom Sucesso ou em qualquer lado, estar em casa de alguém, chatear-lhes um pouco e deixar-lhes ouvir-me falar quando durmo... isso tudo tem valor para mim. É assim que vou regulando a minha vida. Estudar e estar com as pessoas com quem posso e de quem gosto.

Falando em regular a vida, ouvia-se muito dizer quando éramos pequenos que precisamos de estudar muito, ter um bom emprego e ganhar dinheiro suficiente para sustentar uma boa vida para nós e para a nossa cara-metade. Mas pensando melhor, não será também uma salvaguarda para quando não temos a outra metade?

12.10.08

crescendo

Temos 22 anos. Afinal, independentemente de quereres ou não, com tudo pelo que passamos todos os dias, crescemos. Se não, mudamos. Não tento controlar. Mas quando damos conta, já estamos diferentes. Aprendemos a falar, aprendemos a evitar, aprendemos a agir segundo uma linguagem, aprendemos a querer, a procurar, a encontrar, a gostar, a perder, a ressentir, a ultrapassar, depois, saímos do casulo e crescemos.

9.10.08

uma noite na Hot Club

Ontem foi uma noite cheia de pinta. Lisboa com um espírito nocturno mergulhado em música Jazz. Acompanhado pela voz de Sheila Jordan mais três músicos. Num clube com um pequeno pé-direito, aconchegado, todos focando o olhar nessa senhora, na sua voz, baloiçando naturalmente, ritmadamente, com o movimento do contrabaixista e das cordas do próprio contrabaixo. Tudo ganhou vida, tudo fez sentido naquele instante...

Esta foi a primeira noite que saí com os meus colegas em Lisboa. Dificilmente vai ser melhor do que desta vez. Viver na capital levou-me até mais perto do mundo cultural, mais perto de um estilo de vida mais marcado, determinado. Há dias em que esta cidade me deixa mais cansado do que nunca. Mas compensa.

Estou numa relação de amor-ódio com esta minha 3ª "casa".

8.10.08

primeiras vezes em Lisboa

Tantos tempo depois, isto ficou desactualizadíssimo. Resumindo semanas de posts, decidi voltar para Portugal e ficar sentadinho a fazer o meu mestrado em Matemática no Instituto Superior Técnico. Ou seja, agora estou a morar na capital de Portugal, Lisboa.

Aqui, tudo funciona de maneira ligeiramente diferente do Porto. A palavra-chave é burocracia. Tudo gira em torno disso. Mas claro. Isso não é a única palavra que descreve esta cidade.

Posso dizer que é um pouco mais metropolitano que o Porto. Tudo mais acelerado. No bar da faculdade, estava eu a dizer ao empregado da caixa que tinha 5 cêntimos e ele respondeu-me: "Chuta! Vá lá!". Olhei para atrás, a fila não estava assim tão extensa.

Nesta cidade, já tive algumas "primeiras vezes". A primeira vez a viver numa residência, a primeira vez a ter aulas do mestrado, o primeiro dia de chuva em Lisboa... e hoje tive uma "primeira vez" que não foi a melhor coisa. Conheci o primeiro vítima de roubo na cozinha. Há pouco tempo atrás, roubaram-lhe uns ovos. E hoje descobriu que ficou sem o pacote de leite.
"Tenho escrito o número do meu quarto no pacote!" - disse ele todo furioso, em espanhol - "Como é que é possível! Não têm em consideração os outros!"
Respondi "Pois... espaço público. Agora podes escrever no novo pacote o número do quarto e 'Não roubar'."
Já estou a ver o ditado chinês a funcionar: Se houver uma primeira e segunda vez, ainda vai haver uma terceira.